Um item nas regras de natação da FINA intrigou alguns leitores que escreveram solicitando mais esclarecimentos: mas afinal, o que significa o tal “fresh water” que a FINA estampa tanto no livro de regras quanto no formulário de recorde mundial?
Diz a regra:
SW 12.10 World Records can be established only in fresh water. No World Records will be recognised in any kind of sea or ocean water.
Ainda consta no formulário de recorde mundial um aviso sobre esta regra:
NOTE: – World Record can be established only in fresh water (SW 12.10)
“Água fresca” seria a tradução ao pé da letra, mas dentro do contexto da natação significa que não pode a água não pode ser “salinizada”, ou seja, tratada com sal.
“Como você perfeitamente sabe, água salgada muda as condições para flutuabilidade na piscina”, escreveu Pedro Adrega, do departamento de comunicações da FINA, a pedido da presidente do Comitê Técnico da FINA, Carol Zaleski.
Por que é mais fácil boiar em água salgada que doce? Porque a densidade da salgada é maior. Quando um corpo é imerso em qualquer líquido, este exerce uma força para deslocar o corpo e voltar a sua forma inicial. A força, chamada empuxo, empurra o corpo para cima. “A intensidade do empuxo depende da densidade – massa dividida pelo volume – e da quantidade do líquido que foi deslocado”, diz o físico Cláudio Furukawa, da Universidade de São Paulo. Quanto maior a densidade, maior o empuxo. A água dos rios e lagos tem uma densidade aproximada de 1 grama por centímetro cúbico. Já a densidade média da água do mar é 1,03 grama por centímetro cúbico, resultado da mistura principalmente com o cloreto de sódio. A variação da densidade é pequena, apenas 3%, mas suficiente para que a pessoa sinta a diferença de empuxo. – Revista Super Interessante
Então quer dizer que aquele recorde mundial de julho de 1993, obtido por Gustavo Borges nos 100m livre, e também pela equipe com ele, José Carlos Souza Junior, Fernando Scherer e Teófilo Laborne no 4x100m livre na piscina do Clube Internacional de Regatas, em Santos, não vale?
Na época valeu, não havia esse termo explícito no livro de regras. Mas se fosse hoje, o recorde dificilmente valeria. Dificilmente porque a Confederação Brasileira deveria provar que a água era “fresca”.
A regra é bem clara para o tipo de recorde: apenas mundial mantém explícito esta condições. Para recordes brasileiros e sul-americanos não há esta opção explícita, nem ao menos em Jogos Pan-Americanos.
Além da água, o exame anti-doping é obrigatório para oficializar o recorde mundial, além do preenchimento de um formulário especial disponível agora junto com as regras 2013-2017:
https://www.fina.org/H2O/docs/rules/FINAswrules_20132017.pdf